sexta-feira, 3 de agosto de 2012


HGF: situação ´caótica e desumana´

Promotoria de Defesa da Saúde Pública visita a emergência do hospital e pede a transferência dos pacientes
Caótica, insalubre e desumana. Esta é a realidade constatada pela Assessoria Psicossocial da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, após visita institucional à emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). De acordo com o relatório, as condições da unidade comprometem tanto o tratamento dos pacientes quanto o trabalho dos profissionais ali lotados.

No dia 24 de julho, o Diário do Nordeste mostrou a realidade do HGF, onde pacientes eram atendidos nos corredores, apelidados de "piscinão"
Por conta desta situação, a promotora de Defesa da Saúde Pública, Isabel Pôrto, determinou, ontem, em audiência com a direção do HGF e membros da central de regulação do Estado, assim como integrantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a rápida transferência dos pacientes que estiverem nos corredores da instituição para leitos de retaguarda. Durante a visita da Promotoria, no dia 25, constavam pelos corredores da emergência 120 pacientes.

Após a audiência, a direção do HGF e os representantes da SMS acertaram para hoje uma visita aos corredores da unidade para fazer a avaliação do perfil dos pacientes internados com o objetivo de viabilizar as possíveis transferências.

Isabel Pôrto informou que será concedido às secretarias de Saúde o prazo de cinco dias para que seja encaminhado um relatório com definição de estratégias para a resolução do problema. Caso contrário, irá ingressar com ação judicial para garantir os leitos aos pacientes do HGF.

Novos leitos
"Nós necessitamos da avaliação dos pacientes que podem ser transferidos. Se a situação não for administrativamente resolvida, o Ministério Público terá que ingressar com ação judicial para garantir leitos a estes pacientes que estão em uma condição indigna no HGF", alertou.

Sobre a situação, o coordenador da Gestão Hospitalar da SMS, Helly Pinheiro Ellery, disse que a contribuição do Município para melhorar o HGF já é feita e consiste no aperfeiçoamento da gestão dos hospitais, reformas necessárias para dar condições de trabalho e atendimento aos profissionais e usuários e melhora da gestão de leitos.

"Nós não vamos nos comprometer a retirar ou transferir pacientes do HGF, nós vamos conhecer a realidade e abrir leitos de clínica médica no Hospital da Mulher, que vamos abrir para o sistema de saúde, e que serão regulados pela Central Integrada de Regulação de Fortaleza (Crifor), e isso já reduz a carência do Estado de leitos de retaguarda. Também somos gestores do sistema e temos solidariedade com o processo", explicou.

Capacidade
Durante a reunião, o diretor geral do HGF, Zózimo Luís Medeiros, informou que o hospital tem capacidade para acomodar 96 pessoas em seus leitos de emergência. "Porém, funcionamos com uma média de 100 pessoas a mais diariamente. É como se tivéssemos duas emergências".

Zózimo acrescentou, ainda, que, como medida, já foram contratualizados 85 leitos, distribuídos entre os hospitais como Santa Casa de Misericórdia (25), Fernandes Távora (40) e Hospital da Polícia Militar (20). No entanto, 70% destes já estão sendo usados.

"Resolver o problema, não resolve, pois precisaríamos de 90 leitos a mais por dia e que a rede de saúde se estruturasse, ou seja, a atenção básica, a secundária", completou.

Segundo ele, boa parte dos pacientes que está pelos corredores do HGF é de Fortaleza e poderia estar na atenção secundária ou básica. Entretanto, Zózimo informou que era difícil fazer a transferência destes, pois eram pacientes agudos e de alto custo. "Estimo que 48% dos que estão pelos corredores do HGF não pertencem ao perfil do hospital".

A colocação causou estranhamento ao coordenador da Gestão Hospitalar da SMS, Helly Pinheiro Ellery. "Como 48% dos pacientes não cabem no perfil do HGF, se a maioria destes está em estado agudo e é de alto custo?", questionou Ellery.

THAYS LAVORREPÓRTER 

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