segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Faltou somente brasileiro como protagonista


A torcida em Interlagos não teve do que reclamar da prova, com quase todos os ingredientes. Assistiu a uma disputa de títulos emocionante entre Sebastian Vettel e Fernando Alonso, a várias ultrapassagens e batidas.
Só faltou uma coisa: ter um brasileiro como protagonista. Nos últimos 18 anos, somente em 2008 Felipe Massa chegou à última corrida com chances de títulos - perdeu por um ponto para Lewis Hamilton.
E é justamente Massa que volta a dar esperanças de tempos melhores em 2013. O piloto da Ferrari terminou a prova em terceiro lugar - cedeu o segundo a Alonso - e ratificou o bom momento.
Aos prantos no pódio, o brasileiro relembrou o ano difícil, quando foi muito criticado pela imprensa, especialmente a italiana da terra da Ferrari, e quase perdeu a vaga em 2013.
Porém, na segunda parte da temporada, reagiu, fez ótimas corridas, ajudou Alonso e renovou o contrato por mais uma temporada.
"Foi um momento muito emocionante. Correr aqui no Brasil. Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Tive começo de ano impossível, muito difícil psicologicamente. Tomando porrada de tudo quanto é lado, acho que essa é a palavra certa. E assim que passou agosto, sentei e falei ‘quer saber? Ou vai ou não vai, não interessa'", desabafou. "Espero fazer um ano completamente diferente do que vinha fazendo até agosto", completou.
Foi a primeira vez que Massa subiu ao pódio em Interlagos desde a vitória de 2008. Durante o período, sofreu acidente gravíssimo, demorou a se recuperar e penou com a forte concorrência de Alonso.
Já o outro brasileiro na prova, Bruno Senna, quase foi o protagonista, mas pelo lado negativo. Ele bateu em Vettel e por pouco não tirou o alemão da prova, o que mudaria o destino da temporada.
"Foi acidente de corrida. Acontece. Infelizmente acabou com a minha prova, mas vamos ver o que acontece para o futuro", destacou Senna, que dificilmente permanece na Williams. Ele deve buscar novos rumos e a Force India é uma das opções.
Ao menos, se não houve protagonista brasileiro, a torcida viu o tricampeão Nelson Piquet subir ao pódio para comandar as entrevistas com os pilotos. Um pouco de nostalgia é sempre bom.
Lenda, Schumacher dá adeus à Fórmula 1
O Grande Prêmio do Brasil também foi marcado por despedidas. A mais importante foi a do alemão Michael Schumacher, 43 anos, e que deixa a equipe Mercedes e a categoria para, enfim, curtir a aposentadoria.
Heptacampeão mundial, detentor de 91 vitórias e considerado por muitos como o melhor piloto da história da modalidade, Schumi sai de cena de forma mais tímida desta vez.
Diferentemente da primeira aposentadoria, em 2006, quando brigava pelo título, justamente com o espanhol Fernando Alonso - que foi campeão -, Schumacher voltou em 2010, mas longe do desempenho ideal e acabou sem vitória em três anos.
Apesar do fracasso no retorno, o alemão ficará marcado na história pelas conquistas, além de disputar em duas gerações importantes da Fórmula 1: de Sebastian Vettel e Fernando Alonso, e a de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Alain Prost e Nigel Mansell.
"A ficha ainda não caiu (sobre a aposentadoria). Quem sabe, daqui a pouco, quando estiver bebendo com os mecânicos, isso acontece", brincou. "Agora vou aproveitar a vida pós-Fórmula 1", completou.
Ele destacou que esta aposentadoria foi diferente. "Estou mais relaxado, sem pressão. Obviamente, me sinto tocado pelo carinho dos fãs, e por tudo o que fizeram por mim ao longo destes anos."
OUTRAS MUDANÇAS
O GP do Brasil também marcou outras despedidas importantes. O inglês Lewis Hamilton deixou a McLaren, onde trabalha desde jovem, para assumir o lugar de Schumacher, na Mercedes.
Na Fórmula 1, foram seis anos de parceria, com 21 vitórias, 49 pódios, 26 poles e um título mundial.
O britânico, inclusive, chegou perto do triunfo ontem, mas um toque de Nico Hulkenberg, da Force India, o tirou da prova. Para a vaga de Hamilton, foi escolhido o mexicano Sergio Pérez, da Sauber, que será substituído justamente por Hulkenberg.
Alonso diminui rival; Ferrari descarta rever resultado de prova
Apesar de ficar com o vice-campeonato, Fernando Alonso disse que está feliz com a temporada e que o título não foi totalmente perdido em Interlagos. Mas ele diminuiu a qualidade do campeão Sebastian Vettel.
"Não vencemos, mas não perdemos no Brasil. Vacilamos em outras corridas em que não tivemos sorte como a do Japão, onde Vettel só ganhou uma ‘reprimenda' (ele achava que o rival deveria ser punido)", lamentou. "Não tínhamos o carro mais rápido este ano, a equipe se superou, e apesar de termos perdido o campeonato, temos de estar orgulhosos", completou.
Alonso ainda fez questão de elogiar o trabalho da Ferrari. "Isso é esporte, sempre há um campeão com mais pontos que os demais. Nós lutamos 100% e estou feliz por minha equipe", finalizou.
SEM RECURSO
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e a Ferrari descartaram rever o resultado da prova. A TV inglesa Sky Sports acusou Vettel de realizar ultrapassagem em Kamui Kobayashi com bandeira amarela, o que é proibido.
Caso fosse verdade, o alemão perderia 20 segundos, cairia para oitavo e ficaria sem o título. Porém, segundo a FIA e a própria Ferrari, a manobra foi legal porque a bandeira era vermelha e amarela, que indica pista escorregadia.

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